Um dos
aspectos mais estranhos em Xena é o uso de mitologia de variadas fontes,
independente da época ou do lugar da história original. Muitas vezes, Xena ou
Hercules fazem piada sobre nossa vida contemporânea. Em um episódio de Hercules
há um vendedor de “fast food” na estrada; em outro, Salmoneus propõe uma “música
tema” para Xena, por exemplo.
A informação para a imprensa, no começo da série, dizia que Xena “acontece nos tempos dourados do mito, muito antes da Grécia ou Roma antigas, na fronteira distante da civilização conhecida e longe da terra do poderoso Hercules”.
Pelo visto, parece que nem
os divulgadores sabiam muito bem o que estavam escrevendo. Afinal, como pode
Homero (o grego que escreveu “Ilíada” e “Odisséia”) contar a história do romano
Spartacus (no episódio do 1° ano “Athens City Academy of Performing Bards”)
quando a revolta de escravos ocorreu 700 anos depois?
Não é um dilema muito sério.
A explicação é simples: a série trata os mitos e ele-mentos históricos como
peças de um jogo que podem ser incluídos à vontade em um episódio, simplesmente
porque dá um bom espetáculo. Algumas vezes, múltiplos mitos são combinados.
“Cradle of Hope” (Berço da Esperança), por exemplo, mistura a história de um
bebê (muito similar a Moisés) com a lenda da caixa de Pandora. Os mitos também
podem ser reescritos para acrescentar a influência de Xena neles.
Portanto, não há por que
falar em inconsistência. A série não pretende ser fiel à história ou à
mitologia. É pura fantasia. Isso não quer dizer que não aguçe nossa curiosidade.
Uma pesquisa revela que aumentou a venda de enciclopédias entre crianças
americanas fãs de Xena e Hercules. Elas querem saber mais sobre a mitologia na
qual as séries se basearam.
Isso é o que faremos aqui.
Vamos comparar e aprender (ou recordar).
The Warrior Princess
- no primeiro episódio de H em que X aparece, ela seduz Iolaus para atingir
Hercules. A esta altura, todo mundo já assistiu e não é preciso dizer mais
nada.
Mitologia: Hercules é
um dos mais famosos heróis da mitologia, grega ou de qualquer outra. Na verdade,
Hercules é seu nome romano. Em grego é Heracles. Sua força é demonstrada nos
Doze Trabalhos, que ele executa como punição pela morte de sua esposa Megara e
seus filhos, durante um ataque de loucura. Iolaus é o sobrinho de Heracles
(filho do irmão gêmeo Iphicles). Iolaus ajuda Heracles a matar a Hidra (o
segundo trabalho).
The Gauntlet (O
Desafio)- Xena protege um bebê durante o ataque de seu exército a uma aldeia.
Seus homens destróem o vilarejo e se voltam contra ela, fazendo-a passar por um
“corredor polonês” e a expulsam. Salmoneus conta a Hercules que Xena não é tão
má. Xena quer a cabeça de Hercules para levá-la aos seus homens e recuperar o
prestígio. No final, ela aparece para lutar ao lado dele e derrotar Darphus e
seus ex-liderados. Uma figura camuflada (um emissário de Ares) puxa a espada do
peito de Darphus e o trás de volta à vida, com a missão de matar Hercules.
Mitologia - Existiu
um Salmoneus mitológico, mas não tinha nada a ver com Hercules. Ele tentou fazer
de conta que era Zeus e chamou o povo para adorá-lo. Zeus fica zangado e o mata
com um raio. O irmão de Salmoneus é o rei Sisyphus, conhecido por ser astuto e
embrulhão (ele aparece em “Death in Chains”).
Unchained Heart
(Coração Desacorrentado) completa a trilogia. X e Iolaus apertam as mãos, depois
de muita mágoa por parte dele. X e H têm um romance. Salmoneus se auto-proclama
biógrafo de Hercules e escreve que X e H se casarão e terão filhos.
Sins of the Past
(Pecados do Passado) - no primeiro episódio de sua própria série, X passa por
uma aldeia destruída, como costumava fazer, enterra sua armadura e armas. Mas
precisa libertar vilarejos cativos - Gabrielle entre eles. Depois, Gabrielle a
segue. X volta pra Amphipolis mas é renegada até pela mãe. Gabrielle impede, na
conversa, que X seja apedrejada. X luta com o opressor Draco sobre a cabeça dos
vilarejos. Draco perde e é expulso com seus homens. A mãe perdoa X. G convence X
de que ela foi útil e passa a acompanhá-la em suas viagens.
Mitologia - não há
nenhuma Gabrielle na mitologia clássica, o que não deve ser surpresa para o
leitor, já que o nome não é nem grego nem romano.
Em breve a gente continua, tá?